Obesidade Infantil
Você sabia que atualmente existem mais pessoas obesas do que subnutridas no Brasil? Você sabia que cerca de 34 milhões de adultos brasileiros têm excesso de peso? Mais assustador ainda é saber que as crianças são as novas vítimas da obesidade: enquanto nos anos 80 elas representavam apenas 3% dos obesos, agora elas já representam mais de 15%, segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria. E as estatísticas mostram que esse número vem aumentando cada vez mais: em um universo de 7 mil crianças entre 6 e 15 anos abordadas em uma pesquisa no Rio de Janeiro, 38% delas são obesas.
Atualmente a obesidade perdeu um pouco o estigma de que é uma doença de preguiçosos ou desleixados com a aparência, pois sabe-se que ela pode ser causada por fatores biológicos, genéticos ou psicológicos, devendo ser diagnosticada e tratada como qualquer outra efemeridade.
No caso da obesidade infantil, suas causas também podem ser biológicas, mas estudos mostram que o sedentarismo causado pelas várias horas passadas em frente à televisão ou ao computador contribuem para o aumento de peso das crianças, pois elas estão gastando menos calorias do que consomem. Outras vezes os pais superalimentam os filhos porque acham que bebê saudável é bebê gordinho, sem saber que desde o nascimento é importante tomar cuidado com a alimentação da criança, pois um excesso de células gordurosas na infância irá acompanhar o indivíduo durante o resto da vida, determinando a facilidade para o ganho de peso no futuro.
Vale lembrar que a questão da obesidade não tem conseqüências apenas estéticas, mas abre espaço para diversos males como artrose, hipertensão arterial, má oxigenação dos tecidos, aumento do nível de colesterol e predisposição à diabetes mellitus. Além disso, as pessoas com excesso de peso sofrem discriminação e podem desenvolver problemas emocionais como timidez e isolamento, tornando-se ainda mais sedentárias e queimando cada vez menos calorias.
Mas, afinal, como prevenir e tratar a obesidade infantil? O primeiro passo é identificar a predisposição genética. Quando um dos pais é obeso a criança tem 40% de chances de se tornar obesa, enquanto que essa chance sobe para 80% quando os dois pais são obesos. O primeiro ano de vida é muito importante, e estudos indicam que crianças amamentadas no seio têm menor tendência a engordar. Os pais devem estabelecer intervalos fixos de três em três horas e, depois dos seis meses, complementar o leite materno com papinhas e sucos sem açúcar. Depois de crescida, o ideal é a criança fazer seis refeições balanceadas por dia: café da manhã, lanche da manhã, almoço, lanche da tarde, jantar e lanche da noite, tudo com alimentos saudáveis e pouco calóricos. A comida nunca deve ser oferecida como recompensa. As compras de supermercado também são muito importantes: não adianta pressionar a criança para comer menos se a geladeira e os armários continuarem cheios de alimentos "gostosos" e supérfluos. Também não adianta forçar o filho a comer frutas e verduras se os próprios pais, que deveriam servir como exemplo, dão preferência para os doces, frituras e gorduras.
Se a criança já é obesa e há necessidade de diminuição de peso, os pais devem estar cientes de que essa diminuição será lenta e saudável, pois a criança ainda está em fase de crescimento e o peso irá posteriormente se distribuir. Remédios e cirurgias de estômago não são aconselháveis, a não ser que haja complicações associadas à obesidade e risco de vida. A dieta deve ser baseada na reeducação alimentar, contando com alimentos variados, nutritivos e pouco calóricos. Segundo a orientadora do grupo Vigilantes do Peso, Susana Lourenço, o programa de reeducação alimentar dos Vigilantes é indicado para qualquer idade. Trabalhando há 6 anos como orientadora, Susana já percebeu o aumento do número de jovens e crianças. Por quê? "Eu acho que o número de crianças obesas aumentou, mas também aumentou a consciência dos pais de que eles devem oferecer aos filhos uma reeducação alimentar", diz.
A disciplina alimentar pode ser quebrada aos fins de semana e nas ocasiões especiais, mas os pais devem saber quais os alimentos menos calóricos para oferecer aos filhos. Dê ênfase aos alimentos que a criança pode comer, e não àqueles que ela não pode. Uma atividade física também é muito importante: ofereça cursos de natação, judô, ginástica olímpica e balé, dentre outros.